"PELA EMANCIPAÇÃO HUMANA"

PELA EMANCIPAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA,

PELA LIBERTAÇÃO DO OPRIMIDO EM TODO O MUNDO,

PELO FIM DO RACISMO E DO MACHISMO,

POR UM HIP HOP COMBATENTE E NÃO SUBSERVIENTE,

A LUTA CONTINUA!!!

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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O FORÇA ATIVA E O SOCIALISMO

SOCIALISMO


Aos integrantes e simpatizantes do NCFA:
“Certa vez um valoroso companheiro
supôs que os homens só se afogavam
por estarem imbuídos da idéia da gravidade.
Se tirassem essa idéia da cabeça, considerando-a,
por exemplo, como um conceito supersticioso ou religioso,
estariam perfeitamente imunes a qualquer perigo de afogamento.
Toda a sua vida ele lutou contra a ilusão da gravidade,
de cujas conseqüências perniciosas
a estatística lhe trazia novas e diversas evidências.
Este valoroso companheiro foi o protótipo
dos novos filósofos revolucionários da Alemanha”.
Marx e Engels
A ideologia Alemã

Resultado do Movimento Operário de 78, 79 e 80 (greves da região do ABCD Paulista), o Hip Hop é um importante movimento dentro da classe trabalhadora (embora os integrantes do Hip Hop não se reconheçam enquanto tais, isto facilitou a cooptação de boa parte do movimento). Infelizmente o movimento operário da época enveredou pelo politicismo reformista, sindicalismo limitado à democracia-cidadã. Isto não é status para o movimento Hip Hop nem para os operários, mas revela a falta de capacidade teórica para superação da condição de dominação e servindo à época de instrumentação politicista, “...estamos vencidos porque o processo político eleitoral foi politicizado por interesse do sistema e pela hegemonia ideológica castradora a que estão submersas as posições (Chasin, Hasta Quando - A Miséria Brasileira).
A antiga Posse Força Ativa, atualmente denominada Núcleo Cultural Força Ativa, que a priori atuava no Movimento Hip Hop enfocando a luta anti-racismo, isto segundo as condições de vida do povo preto e principalmente dos jovens dos bairros pobres que compreendem a chamada “periferia” da cidade de São Paulo, foi influenciada pelo grupo Extrema Esquerda Radical. E logo percebeu que as chamadas lutas pontuais, os “movimentos sociais”, aí reforçamos a questão do racismo, fazem parte da luta de classes, daí não haver emancipação dos movimentos e seguimentos destas lutas, senão apontar para a luta de classes.
Citando Marx “o que os indivíduos são, portanto, depende das condições materiais de produção” (Marx e Engels, A Ideologia Alemã). Isto nos leva a afirmar que são as condições objetivas herdadas e o legado histórico que nos remetem a determinada forma de organização social, pois não foi uma opção das pessoas deste coletivo ser o que são.
Pretendem-se lutar por uma transformação radical da sociedade de tipo socialista, então, temos que no mínimo definir linhas de ações que pertençam às categorias do pensamento marxista:

1. Ruptura com a produção e reprodução do sistema do Kapital;
2. Empoderamento das forças produtivas à classe trabalhadora e a conseqüente abolição da propriedade privada;
3. Reconhecimento do gênero humano;
4. Reconhecimento da historicidade;
5. Combate ao mito da neutralidade;
6. Totalidade (Particular / Universal) – As lutas dos trabalhadores locais fazem parte da luta universal dos trabalhadores em qualquer parte do mundo.
Portanto, estabelecer bandeiras de lutas é:
• Reconhecer que tais lutas existem;
• Reconhecer que existem adversários numa dada arena;
• Reconhecer que não existe harmonia concreta e conciliação de classe;
• Reconhecer a luta ideológica;
• Reconhecer acima de tudo a necessidade de se abater o oponente.
As lutas existem independentemente da vontade dos contendores, mas só existem com a presença destes. Estes ao lutarem, lutam conforme as condições herdadas e neste envolver colocam e deixam de herança a luta noutro patamar.
Cada patamar pode ou não alargar mais ou menos a arena da luta podendo mesmo liquidar de vez a arena de combate, como foi o caso da burguesia que liquidou o feudalismo.
Em cada vitória, o vencedor impõe aos derrotados a sua forma de perceber e fazer o mundo. Pois imporá a sua harmonia, sua pax (paz romana). As formas de impor serão sempre mediadas ao novo patamar da luta e novamente se tem que tentar derrubar o oponente.
Enfim, entendemos que para acabar com as formas de exploração humana (racismo, machismo, xenofobia, proletarização, as formas de apropriação, produção e reprodução da propriedade privada), consiste em canalizar toda energia e luta contra o reformismo latente da pseudo esquerda e lutar contra os mecanismos de controle do capital: cidadania, democracia, parlamento, governo, estado.
Para finalizar “...na peleja não importa se o inimigo é um inimigo e da mesma categoria, um inimigo interessante o que importa é apanha-lo” (Marx e Engels, Crítica da Filosofia do Direito de Hegel - Introdução

O FORÇA ATIVA E A QUESTÃO RACIAL

Por Wellington Lopes Goes


Segundo Marx “[...] A descoberta de ouro e prata na América, a extirpação, escravização e sepultamento, nas minas, da população nativa, o início da conquista e saque das Índias Orientais, a transformação da África num campo para a caça comercial aos [pretos], assinalaram a aurora da produção capitalista. Estes antecedentes idílicos constituem o principal impulso da acumulação primitiva (Marx: O Capital, Vol. I) [...].


“Uma revolução sem os pretos, no caso brasileiro e na América em geral, é uma revolução que já nasce morta”

Não tratamos a questão racial isolada, assim como não partimos do indivíduo isolado, atomizado, entendemos que o ser social está inserido em múltiplas relações e que na sociedade capitalista este ser se constitui cada vez mais, preso na sua individualidade e no egoísmo típico dos valores consagrados do capital, ou seja, da sociedade de classes.

Mas ao tentarmos entender a nossa realidade, enquanto população preta, que requer um esforço, onde a chave está na formação social do Brasil, não caímos em teses consagradas que fizeram análises do Brasil com o referencial eurocêntrico, tendo como espelho a lutas de classes na Europa, parte da esquerda e da própria intelectualidade de esquerda não conseguiram entender a dinâmica das lutas de classes no Brasil, tendo como foco a industrialização, fazendo uma leitura separada da escravização do povo africano na América e sem relacionar com o capitalismo impulsionado na Europa pelo colonialismo.

Fazer o combate a essas teses consagradas, (grande parte sob orientação da III Internacional Stalinista) e não cair em modelos epistêmicos requer partir do referencial da “via colonial” , o caminho específico do Brasil para o capitalismo, entendo o Brasil inserido em dois movimentos:
1. Como que os mais de três séculos de escravidão estiveram ligados com o processo de acumulação primitiva do Capital.
2. Como que Internamento o Brasil foi se organizando para o Capitalismo quando resolve abolir a escravidão na condição de ultimo país.

Partindo desta análise temos condições de entender qual o papel do racismo nesta sociedade e os efeitos que este produz, entendemos o racismo como produção da sociedade capitalista e não natural em todas as sociedades.

Trabalhamos para a superação do antagonismo entre trabalho e racismo, uma vez que só o trabalhador pode afirmar o gênero humano, por tanto a emancipação pressupõe o rompimento da alienação e do estranhamento do ser para com o próprio ser, sendo assim o racismo se enquadra nas barreiras criadas pelo capital que limita qualquer tipo de projeto unificado no sentido de trazer para o centro a afirmação da “humanidade sofredora” (Marx: Manuscritos Econômico-Filosóficos), neste sentido fica a tarefa de quem luta pela emancipação humana o combate ao racismo, logo a luta contra o racismo deve ter como norte a emancipação humana.


O referencial da “via colonial” foi sugerido por Chasin no livro sobre o “Integralismo de Plínio Salgado”, onde o autor traz a necessidade de entender qual o caminho trilhado pelo Brasil para a constituição do “verdadeiro capitalismo”. Ver também “A miséria brasileira”.

Música rap: Vamos ler um livro

Ei, ei, cara
Mergulhe na história
Preste atenção no que eu vou dizer agora
Chega de ler besteira,
Chega de babaquice
Procure se informar
Não seja o mestre da burrice
São tantos que falam merda
E isso enjoa, é um tormento
Procure ler um livro
Pois é a máquina do tempo
Milhares de livros estão ao seu alcance
Mas você não quer saber
Sua idéia é fraca a todo instante
Você só fala besteira
Não tem auto-estima, meu irmão
Procure ler um livro, a fonte de informação
Mas você não quer saber
Só se liga em leituras pornográficas
Tipo revistas importadas que vêm com loiras bem grandes na capa
Meu irmão, se esse tipo de coisa para você é informação
Se liga nas patricinhas que aparecem na Malhação
A televisão é uma droga que esconde a nossa história
Só tem coisa pra boy, quer ver os pretos pedindo esmola
E os grupos de rappers que estão surgindo agora
Vamos ler mais livros e mostrar a verdadeira história
E para aqueles que acham que o hip hop é brincadeira
E sobem aqui no palco só para falar besteira
E se exibir para certas patricinhas
Essas garotas que nos criticam e não têm nenhuma teoria
Agora eu quero ouvir, todo mundo comigo:
Vamos ler um livro, vamos ler um livro
Povo da periferia, vamos ler um livro
Eu quero ouvir a maioria, vamos ler um livro
Comuna Força Ativa, pois não queremos ser os tais
Pois sabemos que a boa leitura ensina até demais
Portanto, meu amigo, procure se informar
Pois do jeito que está, não, não pode ficar
São tantos sem cultura, sem conhecimento pra trocar
A leitura é importante, o livro é arma fatal
Que acaba com a ignorância, deixa sua mente legal
O meu nome é Weber, já fui um cara acomodado
Mas cansei de ouvir besteira e muito papo furado
Hoje eu sou um rapper, não me julgo mais informado
Se hoje eu sei um pouco, quero aprender muito mais
Eu não sou que nem outros manos, que sabem pouco e querem ser demais
Eles falam da droga, falam que ela vai te destruir
Álcool e cigarro eles vivem a consumir
Será que o álcool e o cigarro também não é uma droga?
Não te critico, cara, eu só quero uma resposta
Se aqueles que acham que eu estou falando bosta
Para mim não batam palmas, para mim virem as costas
Mas se estão gostando, quero ouvir todos comigo
Vamos ler um livro, vamos ler um livro
O hip hop vira moda
Isso não pode acontecer
Com tantos caras contando historinhas
O movimento irá descer
Estou falando daqueles caras que não têm idéia pra debater
Puta, puta que o pariu
Essas caras se julgam rappers
Mas pergunta sobre a história
Certamente eles não conhecem
Eles usam o movimento só para ficar com mulher
E muitas coisas que perguntamos, eles nem sabem o que que é
Estou cansado de ouvir esses caras falarem besteira
Checa de letra babaca, o hip hop não é brincadeira
Vamos mostrar a história que a escola não mostra hoje em dia
Em forma de rap, mostrala para o povo, aos trabalhadores, na periferia
Vamos ler um livro, vamos ler um livro

Biblioteca comunitária Solano Trindade

Núcleo Cultural Força Ativa

Em outubro de 2001, a biblioteca comunitária foi implantada em uma sala num centro comercial de Cidade Tiradentes, e recebeu o nome de Centro de Documentação em Direitos Humanos e Biblioteca Comunitária Solano Trindade. O ponto de partida foi a parceria com o projeto Integrar, por meio do qual conseguimos os recursos para a compra de acervo e para outros materiais.
Já o Ibeac (Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário), com quem o Força Ativa já vinha desenvolvendo algumas ações na área de direitos humanos, cedeu o espaço. Ali, funcionam a biblioteca comunitária e as atividades do projeto de direitos humanos.
O Força Ativa se encarrega do funcionamento do espaço e arca com as despesas de manutenção, como água e luz. Membros do grupo se revezam no atendimento aos usuários da biblioteca e no tratamento do acervo (codificação, etiquetas, etc.).
Todo o trabalho é feito manualmente, pois faltam computadores para informatizar o serviço. A biblioteca fica aberta ao público de segunda à sexta-feira, das 13 às 17hs.
Quando da abertura do espaço, não houve nenhum tipo especial de divulgação, que se deu apenas no esquema “boca a boca”, já que o grupo Força Ativa exerce uma influência positiva na comunidade de Cidade Tiradentes, por meio das palestras ou debates que promove nas escolas. O interesse pela biblioteca foi aumentando à medida que os usuários iam conhecendo o espaço e divulgando a ação para outras pessoas. Em um ano, tivemos 400 usuários cadastrados, o que é um número significativo, se considerarmos que a iniciativa é pequena e não possui recursos de divulgação. Hoje contamos com mais de 4.000 pessoas cadastradas para utilizar o espaço.

Para ter acesso ao acervo, basta apresentar um comprovante de residência e carteira de identidade para fazer o registro como usuário da biblioteca. Até o mês outubro, havia quase 2 mil pessoas cadastradas. Os usuários podem pesquisar no espaço e também retirar livros, sem limite de quantidade, pelo período de uma semana. Geralmente, a média é de três títulos por usuários. Quando as pessoas se cadastram, procuramos explicar a história da biblioteca, suas dificuldades, de modo a conscientizá-las sobre o caráter comunitário daquele equipamento e da importância de elas contribuírem para a manutenção do acervo e do espaço. Procuramos mostrar que os materiais retirados são únicos e que outros usuários precisam deles.

A biblioteca é procurada por crianças, que buscam gibis, livros infantis; adolescentes e adultos, sejam do sexo feminino ou masculino, também freqüentam o espaço, inclusive aqueles que estão retomando seus estudos. As pessoas vão buscar livros sobre política, literatura, prevenção, sexualidade. Ou seja, conseguimos abranger o público de modo geral e a cada dia cresce o número de usuários.
O acervo também continua crescendo, pois constantemente recebemos doações, resultantes dos contatos e das apresentações que fazemos em vários locais ou instituições. Inclui desde livros de literatura infanto-juvenil, até política, história, economia, livros para pesquisa escolar, algumas revistas provenientes de assinaturas de cortesia e de doação.

Entre os autores mais procurados, podemos citar Machado de Assis, Eça de Queirós, , Ruth Rocha e Monteiro Lobato. Também há significativa procura por literatura internacional. Isso ajuda a derrubar uma visão preconceituosa de que na periferia não se lê ou de as pessoas da periferia não se interessam por ler ou que lêem qualquer coisa. Temos livros de auto-ajuda e religiosos, mas esses títulos não saem mais do que o Capão Pecado, ou Dostoiesvky por exemplo.

O futuro da biblioteca e a capacidade juvenil.
Após a implantação da biblioteca comunitária, nossa maior preocupação é quanto à sua manutenção. Temos uma proposta com um orçamento maior que envolve todo o projeto Vamos Ler um Livro, e um orçamento específico para a biblioteca, que garanta a manutenção do espaço, inclusive com ajuda de custo para os agentes de leitura*. Muitas vezes, ficamos sem energia elétrica por falta de dinheiro para o pagamento da conta de luz.
Estamos pensando em formas de captação de recursos e sabemos que para obter financiamento para nossa biblioteca comunitária, teremos de lutar contra uma visão preconceituosa quanto aos jovens, de que não têm responsabilidade e são incapazes de gerir um projeto. Essa visão é totalmente falsa, tanto é que, o Força Ativa, por exemplo, já por dois mandatos consecutivos conseguiu eleger um de seus membros para o Conselho Tutelar. Quando um grupo de jovens se mostra capaz de criar e manter uma biblioteca, com poucos recursos, ou participa do Orçamento Participativo, ou atua no Conselho Tutelar, ou ainda procura discutir e propor políticas públicas, derruba-se um pouco essa visão pré-concebida, que está no poder público, nos partidos, nos financiadores de projetos.

Bibliotecários da comunidade.
“Entramos em contato com o Instituto Brasil Leitor¹ , que nos forneceu o material para a realização do curso de Bibliotecário a Distância, voltado para a formação de gestores de bibliotecas. Eu estudei o material e ministrei o curso, em setembro de 2003, adaptado à nossa realidade. Uma das vantagens do curso é que ele nos permite conhecer e discutir a organização ideal de uma biblioteca. Participaram vários membros do Força Ativa e pessoas da comunidade que eram consulentes da biblioteca. Já estamos pensando em oferecer o curso novamente, até como forma de ampliar a participação da comunidade. Percebemos que não é preciso ter um curso de biblioteconomia para entender de biblioteca(apesar que se tivéssemos seria bom); é possível aprender a organizar um acervo; dominar as técnicas de catalogação, etc. O curso pode até qualificar as pessoas para trabalharem em bibliotecas, acervos, livrarias, etc. Três pessoas da comunidade que participaram do curso hoje atuam como voluntárias na biblioteca”.


Weber Lopes
_____________________________________
¹O Instituto Brasil Leitor é uma instituição que trabalha com políticas de incentivo a leitura.
* agente de leitura são os que trabalham na biblioteca.

Entre Zumbis e Dandaras!!!

Entre Zumbis e Dandaras, a nossa voz que não se cala,
Do toque do atabaque,
Da capoeira jogada.
Entre Zumbis e Dandaras, quilombos e quilombolas,
Na referencia das lutas eu resgato aqui a história.

Entre conquistas e massacres, escravidão e escravo,
Na rebeldia dos pretos, na casa grande e senzala.
Entre a dominação e a catequização,
Matar em nome de Deus e impor a sua religião.

Entre grilhões e correntes, reivindico a liberdade.
Entre becos e vielas é a coação que impera,
Com a polícia do Estado aterrorizando as favelas.
Entre periferias e morros, o povo pede socorro,
Sem o básico pra sobreviver, vivendo no sufoco.

Entre cadeias e grades a extrema direita reage,
Prender criança pra que? Quer reduzir a idade?
Entre o direito e o dever, fazer política pra que?
Se pra nós tudo é negado, até o direito de viver.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

CAMPANHA MUNICIPAL PELA SEMANA DO HIP HOP LEI MUN. 14.485/07

CAMPANHA MUNICIPAL PELA SEMANA DO HIP HOP LEI MUN. 14.485/07

O Fórum Hip Hop Municipal dentro de suas prerrogativas estabelecidas no seu documento de origem, em 2005, vem realizando ações no sentido da inserção do Hip-Hop na agenda paulistana. A lei municipal 13.924/2004, resultado de amplas discussões do Movimento Hip-Hop na década de 90, entre si e parlamentares, inseriu as atividades do Hip-Hop em lei municipal (lei 13.924/04), logo o poder público municipal fica obrigado a executar a referida lei.
Dentro das perspectivas de pautar o Hip-Hop, na agenda da Cidade de São Paulo, diversos documentos foram encaminhados ao Governo Municipal, principalmente por meio da Coordenadoria da Juventude, órgão integrante da Secretaria Municipal de Participação e Parcerias.
Finalmente em 2007 a Lei Municipal 13.924/2004, que dispõe sobre a Semana do Hip-Hop, foi incorporada no calendário de eventos da cidade, conforme Lei Municipal 14.485/2007. Vitória do Fórum Hip Hop Municipal!!!
Porém, posturas autocráticas do Governo Municipal, através de seus órgãos vinculados a Secretaria de Participação e Parcerias, vem tentando desmobilizar o Fórum Hip Hop Municipal, pois a referida Secretaria, não versa no seu planejamento anual previsão orçamentária para realização da Semana do Hip-Hop.
Todavia, os esquecimentos deliberados do Governo Municipal, o Fórum Hip Hop Municipal, vem participando de audiências públicas, à época de consolidação do orçamento da cidade e, obteve significativos sucessos solicitando inserção de rubrica orçamentária por meio de emendas de vereadores.
No entanto, a Prefeitura de São Paulo, se recusa a executar as atividades previstas referente à Semana de Hip-Hop, congelando as verbas orçadas.
Os integrantes do Fórum Hip Hop Municipal, constantemente participam da Comissão Especial da Criança, Adolescente e Juventude, questionando, propondo e mobilizando os parlamentares, por meio de audiências públicas, com o objetivo de sensibilizar o Governo Municipal a cumprir a lei, pois, é função do Poder Executivo executá-la.
Com o objetivo de convencer o Governo Municipal a cumprir a lei e prever recursos financeiros para a Execução da Semana do Hip-Hop, estamos mobilizando os jovens da cidade de São Paulo a participar da Comissão Extraordinária da Criança, Adolescente e Juventude da Câmara Municipal e solicitamos que você nos ajude nesta empreitada. Envie mensagens por e-mail para o vereador que você votou na última eleição, bem como para os Secretários do Governo Municipal EXIGINDO EM CARÁTER DE URGÊNCIA A REALIZAÇÃO DA SEMANA DO HIP-HOP nos termos do artigo 7°, inciso, LIX da lei 14.485/2007.
SEMANA DO HIP-HOP JÁ

Texto: Djalma Lopes Góes
Fórum Hip Hop Municipal
Comissão de Políticas Públicas

Fórum Hip Hop Municipal

Fórum Hip Hop Municipal envia ao Ministério Público representação contra Prefeitura de São Paulo

O Fórum de Hip Hop Municipal SP, com apoio da ONG Ação Educativa, entrou na última quarta-feira (06/07) com representação junto ao Ministério Público para pedir providência urgente na execução da lei municipal 14.485/2007, SEMANA DO HIP HOP.

Consta na lei que a Semana do Hip Hop deve acontecer na segunda quinzena do mês de março, levando em consideração a semana do dia 21, quando se comemora o dia Internacional de Luta Contra a Discriminação Racial.

Entre os pedidos protocolados na representação constam:

A abertura de Inquérito Civil Público para que sejam averiguados os motivos da não-realização da Semana do Hip Hop;
Pedido de regulamentação para realização anual da Semana do Hip Hop;

Propositura de Ação Civil Pública, caso os procedimentos extrajudiciais não tenham efeito.

Além dos pedidos acima, em caráter de urgência, considerando que a Lei Orgânica do Município prevê o envio da Lei Orçamentária Anual 2011 à Câmara Municipal de São Paulo até o dia 30 setembro de 2010, e que neste período as Secretarias de governo estão definindo suas propostas orçamentárias, o Fórum de Hip Hop Municipal SP solicita que seja recomendada a Secretaria Municipal de Cultura a previsão de rubrica específica própria para o cumprimento da lei municipal.



Histórico

Desde 1995 o Movimento Hip Hop discute com o legislativo municipal a inclusão das manifestações do Hip Hop no calendário de eventos da cidade, isto resultou na elaboração da lei 13.924/2004 que dispõe sobre a Semana do Hip Hop.

Depois de sancionada pelo poder executivo em 2004 o Fórum Hip Hop Municipal SP vem somando forças conjuntamente com outros movimentos sociais para a realização da Semana do Hip Hop. Em 03/03/2009 o Fórum Hip Hop Municipal reuniu-se com as Coordenadorias de Juventude e de Assuntos da População Negra (CONE), momento em que apresentou os documentos orçamentários e uma proposta de projeto para a realização da Semana do Hip Hop 2009. Porém as respectivas Coordenadorias não deram devolutiva sobre a realização do evento.

Alguns membros do Hip Hop paulistano acreditam que a prefeitura é contra as manifestações culturais que possam eventualmente fazer cobranças e críticas aos serviços da atual gestão. Além da não execução de uma lei municipal, que é a Semana do Hip Hop, a administração pública municipal exclui aos poucos as atividades do Hip Hop de todos os calendários culturais.

No ano passado, por exemplo, durante a Virada Cultural, foi colocado em um espaço mínimo, isso sem contar, que foi o único local que teve a revista policial. Este ano, o Hip Hop foi excluído de vez deste evento. Situação que revela uma tentativa de calar um movimento muito utilizado pelos mais pobres de São Paulo para mostrar anseios ou defender determinadas idéias e posições.


Fórum Hip Hop Municipal SP
Criado em 2005 é um espaço e canal de diálogo entre os jovens do Movimento Hip Hop e as representações da administração pública municipal com objetivo de discutir políticas públicas e criar critérios públicos que direcionem a relação entre o poder público e os jovens, garantindo que não haja privilégios de uns em detrimento de outros setores.

Os encontros e discussões do Fórum ocorrem a partir de 8 eixos temáticos:

Difundir o Hip Hop;
Elaborar políticas públicas de juventude;
Inserir o Hip Hop como tema transversal da educação;
Combater a discriminação de gênero;
Organizar uma agenda do Hip Hop na cidade;
Combater a discriminação racial;
Atuar contra a violência policial;
Debater geração de emprego e renda.


Imprensa:

André Luiz dos Santos (Rapper Pirata)
Fone: 11 8216 2160
rapperpirata@gmail.com
Mtb:41831/SP
Geraldo Brito
Fone: 11 9556 1766
geraldoreportagem@yahoo.com.br
Mtb: 49219/SP

Informações: forumhiphopeopoderpublico.blogspot.com

sábado, 27 de março de 2010

O HIP HOP EM QUEDA LIVRE


Por Wellington Lopes Góes
Ativista do Núcleo Cultural Força Ativa
MC do grupo Fantasmas Vermelhos
Contato: fantasmasvermelhos@hotmail.com
www.myspace.com/fantasmasvermelhos



O HIP HOP EM QUEDA LIVRE

“O Hip Hop amadureceu tanto que apodreceu” (Dead Prez)

“Certa vez, um nobre homem, imaginou que os seres humanos se afogavam na água apenas por que estavam possuídos pela idéia de gravidade. Se afastassem essa representação da cabeça, por exemplo, esclarecendo-a como uma representação supersticiosa, religiosa, eles estariam livres de todo e qualquer perigo de afogamento. Durante toda a sua vida combateu a ilusão da gravidade, cujas danosas conseqüências todas as estatísticas lhe forneciam novas e numerosas provas Aquele nobre homem era do tipo dos novos filósofos revolucionários alemães.” Karl Marx


Muitos fazem uma leitura rasa sobre o Hip Hop, alguns de forma proposital, outros por falta de informação e certo grupo por opção política de direita, mesmo quando revestido por roupagem de esquerda.

Qual a questão?
Primeiramente ao descreverem como o Hip Hop chega ao Brasil não relacionam com o contexto histórico a nível nacional e internacional.
Para ser mais preciso: falam do Hip Hop isolado de outras questões como simplesmente uma questão cultural em si.

Quais as implicações?
Não entendem a trajetória do Hip Hop caindo assim em constatações imediatistas, errôneas, equivocadas, vazias quando não vulgares.
Há possíveis análises sobre o Hip Hop, até mesmo porque o discurso eclético emanado do pós – modernismo, herdeiros de maio de 68, além de pregar o irracionalismo, também enfatizam a impossibilidade de se chegar a verdade, a compreensão do fenômeno analisado, do real, do mundo, logo a reflexão é deslocada para a percepção individual, para o subjetivismo egoísta onde todos os olhares são possíveis, desde que não parta das distas “condições materiais de produção e reprodução da vida”.

Mas qual é a leitura que fazemos sobre o Hip Hop na nossa percepção enquanto classe oprimida?
A mesma leitura subjetivista que não ajuda entender nada.
Mencionando as mazelas que obstaculizam a compreensão de certo fenômeno social, (no caso o Hip Hop), se quisermos fazer uma leitura na contra corrente, devemos salientar as seguintes problematizações: O Hip Hop chega ao Brasil na década de 1980 período da democratização, “transição feita pelo alto”, “transição transada”.
No primeiro momento como simples forma de entretenimento. Mas logo ganhou novo fôlego, principalmente pela sua proliferação nas periferias, tendo como principal sujeito a juventude preta, que até então estava na invisibilidade, já que o padrão de ser jovem estava associado à classe média dos movimentos estudantis que lutaram contra a ditadura, lembre – se que lutar contra a ditadura não significa uma luta pela revolução.
Essa juventude preta logo começou a questionar a violência policial e o racismo.
Um dos pontos forte que deu um caráter de movimento e organicidade ao hip hop foi a formação das posses.
Essas posses estendiam sua atuação para além dos quatro elementos, podemos definir posse como a união de mc´s, b. boys, DJs e grafiteiros que se agrupavam em coletivos para divulgar o hip hop e realizar atividades comunitárias, intervenções nos bairros periféricos de reflexão por meio de palestras, debates, oficinas, seminários e outras formas de trabalho em espaços como escolas, associações e etc.
As posses possibilitaram novas formas de fazer trabalho politizado sem cair nos vícios do fazer política da época, novo por vim da juventude preta oprimida, que buscavam se organizarem fora das formas clássicas de organização do proletariado como os partidos políticos e sindicatos.
As posses logo se proliferaram nas periferias até a metade da década de 1990.
Entre o final da década de 80 e final da de 1990 foi marcado pela grande ascensão do hip hop ganhando expressão e se massificando, talvez podemos aqui citar como marco o CD dos Racionais mc´s “Sobrevivendo no inferno” que alcançou grande número de vendas, mas como nem tudo são flores e “para não dizer que não falei das rosas” não posso deixar de citar que o jovem movimento caiu nas graças da industria cultural de massas, do politicismo dos partidos políticos sobre tudo de esquerda e no canto da sereia do chamado “terceiro setor” e por fim do Capital, onde este tem o poder de transformar quase tudo ou tudo em mercadoria, logo o hip hop deve gerar lucro.
Assim de ativistas muitos passaram a ser artistas, profissionais, músicos e outros adjetivos diversos, só que se esqueceu de avisá-los que aqui não é América do Norte, ou especificamente a terra do Tio San, mesmo os que foram cooptados pelo Capital estão até hoje procurando o lucro, uns até mesmo de forma mais desesperada se expondo ao ridículo na televisão em diversos programas que historicamente vêem os pretos de forma estereotipada.
Um dos grandes méritos do Capital já analisado muito bem por Marx é a capacidade que este tem de transformar “tudo” em mercadoria, nunca é demais frisar.
Se pegarmos a história do Brasil veja que toda a expressão da cultura de matriz africana é marcada por conteúdo político de resistência, foi por meio dessas expressões que foram organizadas várias revoltas contestatórias.

Qual foi a resposta do Estado?
Primeiramente reprimiu essas manifestações de forma violenta sempre que teve a oportunidade, tentou esvaziar todo o conteúdo de resistência, e só depois o permitiu quando padronizadas, “enlatadas” e comercializadas sob o nome de elemento da cultura nacional e não mais de matriz africana.
Foi assim com a capoeira, com as danças africanas, com as religiões, com o samba e agora com o hip hop, todos podem fazer hip hop, inclusive brancos da classe média, só falta a polícia.
Isso chama-se projeto de embranquecimento, cujo o hip hop embarcou nesta esteira no começo da primeira década do século XXI.
Se para a classe trabalhadora as décadas de 1980 – 90 e a primeira década deste novo século foram perdidas, pra nós juventude preta oriundos da classe trabalhadora foram mais ainda, a derrota é esmagadora, pois não conseguimos nos organizarmos nas formas clássicas e quando construímos algo novo, damos de bandeja para o capital como o ocorrido com o movimento hip hop, hoje fora de combate no Brasil, ainda mais se tratando de um movimento que em curto espaço de tempo conseguiu alcançar os lugares mais distantes deste país onde nem mesmo a (pseudo)esquerda conseguiu chegar.
Resultado da derrota histórica vista por alguns como vitória: grande parte das posses viraram ONGs, outras foram cooptadas por ONGs que dizem manter o “protagonismo juvenil” (acrescente tutelado) inclusive reservando apenas um espaço de uma semana pra realização de semana de cultura hip hop capenga, rodeadas de patrocínios empresariais que não discute nada sério, mesmas lamentações e discurso de permanecia da sociedade vigente, veja bem, uma semana durante um ano esse é o espaço do hip hop?
Outras posses como que por osmose foram sugados por alguns partidos políticos, fazendo o jogo politicista da corrida por votos contra nós mesmo. Um mc já disse um dia “trabalhando contra nós mesmo sempre sairemos derrotados”(GOG).
Essas instituições (ONGs, Partidos, Estado, Capital), conseguiram tirar o potencial de resistência do hip hop o esvaziando inclusive com o aval de quem é adepto do hip hop.
Qualquer movimento social é por essência reformista já que surge de demandas imediatas, quando conquistada essa demanda eis a sua morte, tende a desaparecer, quando este movimento pode se manter?
Quando passa da luta imediata, da “consciência comunitária” pra consciência de classe.
Mas a questão é que os movimentos caíram no discurso do “chamado terceiro setor”, inclusive o hip hop chegando neste momento viciado, onde tudo é projeto social, edital público pra se fazer algo, mais uma vez o Estado burguês não brinca em serviço, incorporando todos na instituição desde que seja pela manutenção desta ordem.

E a luta?
Tem rappers que questionam: Qual luta? Racismo? Ainda existe isso? Violência policial? Tem policial mc.
E assim novamente “a história se repete como farsa”.
Para concluir: pode um movimento emanado do lupen proletariado, desprovido das condições básicas de existência ser revolucionário?
Na nossa história recente parece que a resposta é não, contudo o hip hop no Brasil enquanto ferramenta de luta tinha todas as condições de fazer lutas mais significativas, o problema é que a luta acabou quando muitos quiseram ir pra TV, outros apenas gravar um medíocre CD e ainda tem a turma que acha que o hip hop é baladinhas, embora ainda existam pequenos focos de resistência espalhados pelo país que fazem trabalhos sérios, sons de protesto, mas que são sufocados pela idolatria da sociedade de consumo, de classes...
Por tanto o hip hop continua em queda livre...

25/03/2010